CHIQUINHA GONZAGA: UMA HISTÓRIA DE MULHER,DE LUTA E DE CONQUISTA

 Chiquinha Gonzaga-Edinha Diniz

A vida de Chiquinha Gonzaga sempre me impressionou, pela mulher determinada a conquistar seus objetivos, a mostrar seu valor, numa época em que a sociedade colocava as mulheres em segundo plano.

A mulher do século XIX não tinha voz, se quer escolhia com quem queria se casar, vivia escondida em regras e deveres mas Chiquinha foi de encontro ao seu destino, pagou um preço alto por sua ousadia mas não perdeu o seu foco.


Assim,  1847, nasce Francisca Edwiges, filha de Dona Rosa e José Basileu. A menina que lutou para sobreviver logo que nasceu, enfrentaria muitas lutas durante toda a sua vida. Chiquinha teve sua educação de acordo com os costumes da época com escrita,leitura,cálculo e catecismo e tambem música através de um maestro, ideia que não agradou seu pai, que preferia que fosse uma professora.O piano muito em moda, estava presente na maioria das casas cariocas.

Sobre  a educação feminina se dizia: 

 "Uma mulher já é bastante instruída quando lê corretamente as orações e sabe escrever a receita da goiabada.Mais do que isso seria um perigo para o lar    Provérbio português em voga na época"

Chiquinha se casa aos 16 anos de idade  mas a música já havia ganho um papel importante em sua vida.Seu marido fez de tudo para afastá-la do piano o que só fez desgastar a relação entre eles. Violênto obrigou-a acompanhála numa viagem com seu filho. A bordo do navio as brigas se intensificaram e ela o abandonou e retornou ao Rio, a família entretanto lhe negou apoio, uma punição por sua rebeldia.

"Ela insistia na música, ele na intransigência. As brigas do casal terminaram por provocar em Jacinto uma posição irredutıvél. Pede à mulher que faça uma opção deϐinitiva: ele ou a música. A reação de Chiquinha foi imediata: “- Pois, senhor meu marido, eu não entendo a vida sem harmonia.” 

Assim ela começou a viver por conta própria tendo apoio somente dos músicos e de seu grande amor João Batista. Mudou-se para um sobrado no bairro de São Cristovão e fez da música a sua profissão, enfrentando todo tipo de preconceito. 

Chiquinha vai vier por um tempo com João batista e dele tem uma filha, mas a união não dá certo e ela retorna ao Rio e a luta para sobreviver com sua música e seu filho, fiel companheiro João Gualberto.

Começava a se destacar como compositora, ainda se mantendo porém como professora de música e pianeira, já vendo algumas de suas composições fazerem sucesso, com seu nome começando a ficar conhecida em toda a cidade. "Ao chegar em casa do amigo dirigiu-se ao piano e aos poucos foi tirando a melodia obstinada até que ela cresce, domina e arrasta os músicos presentes: Callado e sua ϐlauta considerada encantada, Ciriaco Cardoso, “o mágico do violino”, Patola, “general em chefe do oϐicleide”, Saturino ϐlautista e vários violões e cavaquinhos.  "E dessa forma a polca estava naturalmente batizada de Atraente." 

O sucesso como compositora infelizmente não serviu para aproximá-la da familia, o que só aconteceu mutitos anos mais tarde e após a morte seu pai, mas ela não desistiu de sua luta e contra todos venceu e conquistou o seu lugar como mulher e maestrina.

"A fama de Chiquinha Gonzaga aumentava. Sua música integrava todos os repertórios. Seu nome freqüentava todo tipo de comentário. O seu perıó do de maior produção e mais ativa participação pública foi exatamente o compreendido entre as duas últimas décadas do século. Firmava-se deϐinitivamente como compositora, conquistava cada vez maior público e contribuıá vigorosamente para o abrasileiramento da música popular e do teatro musicado. Era indiscutivelmente a autora de grande parte das músicas de maior sucesso época"

Chiquinha sempre esteve a frente de seu tempo, não se deixando abater pela rejeição da sociedade que parecia não se conformar como uma mulher possa ter alcançado um espaço destinado somente aos homens mas ela queria mais.

"E arrematou dizendo que, com quase oitenta e oito anos, “D. Chiquinha Gonzaga parecia não ter conhecido a velhice...” De onde vinha essa impressão? Quem era João Batista Gonzaga."

Quando voltou de Portugal em 1902 ela trouxe consigo seu filho João Batista Gonzaga, todos ficaram impressionados porém ninguém falou ou lhe perguntou nada a respeito.

"Chiquinha e Joãozinho já se apresentavam como mãe e ϐilho. A relação é inteiramente assumida quando regressam ao Brasil, passam a viver juntos e enfrentam a sociedade. Se a moral da época não era capaz de compreendê-la, a maturidade lhe assegurava um álibi perfeito. O mascaramento da situação através da maternidade era uma saıd́ a perfeitamente aceitável aos padrões da moralidade pública reinante. Atendia a uma exigência das normas sociais e preservava a sua vida ıń tima, se não da curiosidade, ao menos da desaprovação. Este, como de resto todos os outros obstáculos, Chiquinha transpunha com serenidade. Viveram realmente felizes, até que a morte - dela - os separou"

E assim Chiquinha escreveu a sua história, com sua coração e talento e sua música envolvente.Dificil não ler sua biografia e não imaginar como foi a sua vida e suas lutas, mais dificil ainda não se sentir bem representada por esta grande mulher brasileira.Assim terminei a leitura ainda escutando o Abre alas a primeira canção carnavalesca brasileira.

                                                        Ó abre alas! Que eu quero passar (bis)

                                                                Eu sou da lira Não posso negar (bis)

                                                                           Ó abre alas! Que eu quero passar (bis)

                                                                                 Rosa de Ouro É que vai ganhar (bis)

"As 18 horas do dia 28 de fevereiro de 1935 morreu. Era uma quinta-feira, antevéspera do carnaval. Ainda se ouviam os cantos fúnebres quando na rua, e dizem que no céu, eles se confundiram com o Ó Abre Alas"

Chiquinha viveu como quis e nós deixou um legado músical maravilhoso e digno de ser compartilhado.


Comentários

  1. Uma mulher muito à frente do seu tempo.
    Coisas de Feltro

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  2. A história dela é uma lição de vida. Ainda não tive a oportunidade de ler o livro, mas assisti a minissérie. bjos

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    1. Também asssisti e gostei uito apesar de no livro tem mais detalhes,bjus.

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  3. Oi
    Eu adorei a sugestao 🙂 é uma grande mulher um exemplo...

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  4. Amei a sugestão de leitura,nunca tive a oportunidade de me aprofundar na história de Chiquinha.

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  5. adorei sua resenha
    esse livro eu ainda não conhecia
    mt bom

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  6. Resenha muito bem escrita, não conhecia o livro, para ser sincera pouco ouvi sobre a Chiquinha, fiquei curiosa para ler o livro!

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    1. Tenho certeza de que vai adorar querida,bjus.

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  7. uma mulher a viver num tempo que nao o dela, uma mulher lutadora e muito ha frente no seu tempo esta e uma historia inspiradora para pessoas sonhadoras para pessoas que acreditam e lutam pelo que apreditam e como é impresionante a historia desta mulher ter ligaçoes a historia a miinha familia

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  8. Olá, tudo bem? AMEI demais a dica! Gosto demais de enredos do estilo, ainda mais com mulheres lutadoras e guerreiras. Com certeza teria muito a aprender com o livro. Aliás, amei os quotes que separou!
    Beijos

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  9. Maravilhosa sugestão de livro, Chiquinha Gonzaga foi uma mulher incrível, uma guerreira, já assisti uma minissérie sobre ela excelente, bjs.

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